terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Um pouco mais sobre as sereias

 As Sereias eram mulheres maravilhosas, mas fatais ao homem.  
Por causa delas, Ulisses quase não chega ao seu destino.  
O mito da sereia foi se alterando com o correr do tempo.  
Chegou até a se modernizar.  
No Brasil, a sereia está intimamente ligada a certos cultos populares.  
Ela é lemanjá, a divindade máxima das águas.  
E também Iara, a rainha dos rios.  
Aqui está a evolução do mito, os vários nomes das sereias,  
as transformações do corpo e as crenças dos homens nos poderes delas.



A Sereia, na cultura ocidental dos tempos modernos, é bem diferente das Sereias metade pássaro, metade mulher da antiguidade homérica. A metade pássaro de seu corpo foi substituída pela cauda de peixe. Na antiguidade, o mito ligava se também ao culto dos mortos. Eram as Sereias invocadas no momento da morte. Mas esse aspecto do mito desapareceu e apenas o documentam as estátuas de Sereias nos sepulcros.



Iara, rainha dos rios
A Iara vive no fundo dos rios, à sombra das florestas virgens, de tez morena, olhos e cabelos pretos  -  informa Barbosa Rodrigues. 
A crença neste mito é tão grande que, pelos lugares em que mora a Iara, segundo a tradição, ninguém se arrisca a passar em determinada hora da tarde. 
Numerosas são as lendas em torno da Iara, seus encantamentos e artimanhas. E provavelmente o mito que mais inspirou os nossos poetas; mas não foi apenas na área da poesia que a Iara penetrou: José de Alencar inclui no romance 'O Tronco de Ipê' um conto sobre a mãe d'água, em que figura um palácio de ouro e de brilhantes no fundo do mar.
Mas a presença da Sereia na literatura não ocorre somente sob forma mitológica. Curzio Malaparte, em seu famoso romance 'A Pele', nos apresenta uma sereia ao natural, criada em aquário e servida num jantar oferecido a oficiais americanos, durante a ocupação da Itália. Malaparte descreve em tons verídicos o espanto dos comensais à visão da pequena sereia, semelhante a uma'menina.



Iemanjá, a mais famosa
Iemanjá é o resultado de elementos europeus, ameríndios e africanos. E, um mito de tal poder aglutinador, reforçado pelos cultos de que é objeto no candomblé, especialmente na Bahia, que Edison Carneiro já sugeriu (em 1950) que Iemanjá fosse reconhecida como a divindade brasileira das águas.
Como é representada fisicamente a deusa, depois de seu abrasileiramento? A antropóloga norte americana Ruth Landes, durante pesquisas na Bahia, teve oportunidade de participar de uma festa de Iemanjá, e assim descreve a imagem em adoração, dentro de um grande barco de papelão, no candomblé de dona Sabina, em Salvador: 
"O grande corpo da deusa, com uma lira descansando num dos braços, dominava tudo. Era uma boneca de louça cor de rosa, de feições brancas, de formas robustas, peitos fartos e rabo de peixe. Tinha cabelos castanhos e lisos, que lhe caíam pelas costas, cuidadosamente penteados e presos numa tiara de diamante; entre os grandes seios, via se um colar de brilhantes verdes".






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